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4 de agosto de 2021
Praça Ayrton Senna é revitalizada pela Associação Amigos do Panamby e se transforma em local essencial para os moradores em tempos de pandemia.
Tradicional ponto de encontro dos moradores do Panamby, a Praça Ayrton Senna renasceu. Aos poucos, ela tem passado por um processo de revitalização, comandado pela Associação Amigos do Panamby (AAP), e nem a pandemia atrapalhou os trabalhos. Segundo a presidente da AAP, Vera Lúcia Gomes, o vereador Daniel Annenberg fez a doação de grama e dos aparelhos de ginástica. “Há cerca de dois anos estávamos com o projeto pronto para revitalizar a praça, mas faltavam condições para arcarmos com o custo. Carlos Ávila, morador do bairro, nos ajudou no contato com o vereador”, explica a presidente da AAP, fundada em 2018 e que assinou termo de responsabilidade junto à Prefeitura para cuidar da Praça.
A arquiteta Laura Alouche, também moradora, organizou as ideias da Associação em um projeto para a Ayrton Senna. Laura recorda que a Associação surgiu justamente através de vizinhos que se encontravam na praça, a maioria passeando com seus cachorros. “Pensei na praça como um espaço de convivência para os moradores, delimitando espaços para as crianças, para os cachorros e para treinamento físico, mantendo o campinho geralmente utilizado para futebol”, explica a arquiteta, complementando que buscou preservar o local nos moldes em que foi idealizado pelo Sr. Roberto da Fonseca, um dos fundadores da extinta Associação Cultural e de Cidadania do Panamby, a primeira a cuidar da praça, em 2001 – antes disso, o local era ponto de descarte de entulho e lixo.
Projeto da arquiteta Laura Alouche para a Praça Ayrton Senna: espaço de convivência.
Laura reforça que não se trata de um projeto paisagístico mas que recomendou algumas espécies de plantas, como grama e folhagens para evitar a erosão e árvores mais robustas entre a praça e o prédio vizinho. “É importante destacar a participação dos moradores, que colocaram a mão na massa e estão sempre plantando e fazendo melhorias”, diz.
Amanda Signorini, responsável pela comunicação e conselheira fiscal da AAP, conta que mesmo durante a pandemia os cuidados com a Ayrton Senna não foram deixados de lado. E em um momento tão difícil para todos, a praça voltou a ser um local de convívio e prática de esportes, dentro do possível. “Apesar de algumas reduções nas contribuições devido às consequências da pandemia e da redução dos horários do jardineiro Samuel para respeitar regras estabelecidas, observamos que a praça ganhou novos frequentadores. Um espaço ao ar livre com verde propiciou momentos de lazer para crianças e famílias que precisavam de um lugar para relaxar. A praça se transformou em academia para moradores que passaram a fazer exercícios ao ar livre, todos sempre usando máscaras e evitando aglomeração”, conta Amanda.
Equipamentos de ginástica agora fazem parte do espaço. (Foto: Fátima Orsi)
Muitos contribuíram no plantio e colocação dos pedriscos nos caminhos. A AAP comprou a grama amendoim e outras mudas foram doadas. “Foi muito gratificante ver o engajamento dos moradores”, comenta Amanda. “Este espaço, que já era muito querido, se tornou ainda mais valorizado neste momento. Pessoalmente, cuidar da praça e poder frequentá-la, respeitando todas as regras de distanciamento, foi um verdadeiro presente. Não teria conseguido suportar a pandemia sem os passeios na praça com as minhas cachorras, sem passar algumas horas plantando e mexendo na terra. Era um prazer e uma terapia. Foi importante para me manter mais centrada e suportar as dificuldades do isolamento social que vivemos. Sinto que cada um, da maneira que pode, cuida e tem orgulho da nossa praça”, resume Amanda, frisando que cuidar do nosso entorno e promover um convívio saudável entre os moradores é nosso dever como cidadão e como sociedade. “Tenho muito orgulho de poder contribuir e viver neste bairro cercado de verde e de amigos”, finaliza.
Moradores participaram ativamente das melhorias na Praça Ayrton Senna.
TESOURO ESCONDIDO
Ao lado da Praça Ayrton Senna há um verdadeiro tesouro desconhecido por muitos moradores. A área verde com 13.500 metros quadrados, entre as Ruas Clipperton e Chibata Miyakoshi, conta com fragmentos florestais e três nascentes que formavam um lago próximo à Praça. Há algum tempo o lago secou completamente, e a Associação Amigos do Panamby já notificou a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente questionando a situação das nascentes. Sem dúvida a proteção da mata e da praça é fundamental para a conservação das nascentes.
A área vizinha à Praça é um dos importantes fragmentos verdes da região, que contribui para a preservação da fauna. Há alguns anos o bosque foi reurbanizado pela extinta Associação Cultural e de Cidadania do Panamby e recebeu árvores como pau-brasil, ipês de diversas variedades e ingá (vegetação própria para beira d´água). Na época, a Associação Panamby consultou o ornitólogo Dalgas Frisch sobre quais espécies de árvores ornamentais seriam mais adequadas para atrair pássaros para a região.
O biólogo Gustavo Accacio, morador do Panamby, já avistou nos arredores da Ayrton Senna um gavião-pombo pequeno (Amadonastur lacernulatus), ameaçado de extinção no estado de São Paulo. Segundo os biólogos Pedro Ferreira Develey e Carlos Gussoni, a espécie foi registrada anteriormente em poucas localidades da cidade, como o Parque Estadual da Cantareira, o Parque Linear do Bispo e o Clube de Campo São Paulo. “Trata-se de um gavião com alta dependência de habitat florestal, em especial as florestas de baixa altitude, que utiliza as manchas florestais do município como pontes em seus deslocamentos”, explicam os especialistas.
Gustavo Accacio explica que do Morumbi até a Cidade Universitária há uma série de bosques, como a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, o Parque Alfredo Volpi e o parque do Colégio Nossa Senhora do Morumbi. “É um contínuo de manchas verdes, um corredor pelo qual a fauna consegue passar. O fato de sermos uma região pródiga em matas faz com que aqui existam mais espécies animais. Por exemplo, no Burle Marx encontramos camaleão, esquilos e alguns sapos que só vemos no parque”, explica Gustavo.
Gavião-pombo pequeno fotografado nos arredores da Ayrton Senna. (Foto: Gustavo Accacio)
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